sexta-feira, 24 de abril de 2009

CAOS SURGIU...

Revelar a(s) ‘vontade(s)’ repetitiva(s) do ser humano infinitamente aguçado no homem: angústias, medos, frustrações, sonhos, desejos reprimidos e perturbações da alma. Esse é o objetivo da peça teatral Caos de Felipe Cartier, sob orientação da professora Rosângela de Araújo Ainbinder - Doutora em Filosofia (PUC-RIO). Esse era o trabalho final de Cartier para obtenção de conclusão no Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso-RJ(2006). A idéia do projeto, caracterizou-se como algo original e pioneiro dentro da instituição, já que nenhuma obra de arte tinha sido proposto como monografia. Cartier desenvolveu um estudo sobre o sofrimento humano baseado nas obras do filósofo Artur Schopenhauer em que resultou um espetáculo de sua autoria. A obra está registrada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – Ministério da Cultura.



A INSPIRAÇÃO
A obra, inspirada na filosofia de Arthur Schopenhauer, afirma que nossos anseios, aptidões e sonhos são expressões, como toda natureza possuí: a vontade. Para o filósofo a vontade se perpetua na condição humana a dor e o sofrimento, a existência dá a luz à vontade, ou seja, querer é sofrer. O projeto surgiu pela necessidade da reflexão dos conceitos errantes de segurança, resultado da perda da liberdade para numa vida controlada e vigiada.
Além da inconformação das realizações mundanas, traduzido a desejos junto do sistema capitalista beneficiando-se com a produção de supostas novidades. Uma sistematização da produção da carência, do desejo conquistado e do entediamento. Uma das idéias centrais da peça é apresentar os comportamentos casuais (aleatórios) governado(s) por lei(s), que no primeiro momento servem para edificar a ordem dos fatos, mas que com o passar torna-se objeto de desejo contínuo e instigante.

O AUTOR DA INSPIRAÇÃO
"Se o sentido mais próximo e imediato de nossa vida não é o sofrimento, nossa existência é o maior contra-senso do mundo. Pois constitui um absurdo supor que a dor infinita, originária da necessidade essencial a vida, de que o mundo está pleno, é sem sentido e puramente acidental. Nossa receptividade para a dor é quase infinita, aquela para o prazer possui limites estreitos. Embora toda a infelicidade individual apareça com exceção, a infelicidade em geral constitui a regra. A história nos mostra a vida dos povos, e nada encontra a não ser guerras e rebeliões para nos relatar, os anos de paz nos parecem apenas curtas pausas, entreatos, uma vez aqui e ali. E de igual maneira a vida do indivíduo é uma luta contínua, porém não somente metafórica, com necessidade ou tédio, mas também realmente com outros. Por toda a parte ele encontra opositor, vive em constante luta e morre de armas em punho”. Schopenhauer

A CONCEPÇÃO

Uma concepção cênica desenvolvida de forma repetitiva e cíclica onde prevê a dor plena em estado de subserviência. Caos propõem uma superfície imprevisível, áspera, perturbada, em que demonstra a vida de forma dolorida e puramente cruel, que provoca a ansiedade sob universo inexplicável, repetitivo e sem noção. A crueldade e o absurdo juntos. Pausas angustiantes, movimentos exaustivos, contenção de energia e diálogos que parecem não ter sentido, porém carregados de signos que são desmembrados no decorrer são algumas características da trama. Essa estética objetiva: Estabelecer estratégias de sedução que promovam a repetição de desejos seguidos de entediações; Criar pausas que causem desconforto procurando alertar a importância do tempo e sua função dentro de um sistema qualquer; Demonstrar o estado de dependência dos personagens; Fundamentar todos conflitos baseados em signos; Provocar a repetição dos anseios e aptidões do ser humano e desenvolver, o que Schopenhauer, intitula ‘Pêndulo Macabro’ – A oscilação entre Desejo -Vontade - Tédio.
Por isso, a repetição de certos diálogos tem como meta reforçar a repetição dos desejos inerentes na figura humana, demonstrados de forma redundante e muitas vezes contraditórias. A proposta da obra de Cartier supõe uma provocação da racionalização das agruras vigentes no estágio mais conturbado e potencializado em seu último grau. A visão do humano como um Ser podre em sua essência, imprevisível em suas atitudes e cruel em seus pensamentos. Um fomentador de simulacros sem vestígios. Caos é a visão do fim que já existe, sem a possibilidade de concerto. Sob essa atmosfera nasceu CAOS.











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